domingo, 30 de julho de 2017

Sou diabético, posso doar sangue?

A doação de sangue é uma ótima iniciativa e sempre que possível deve ser estimulada. No entanto, nem toda pessoa com diagnóstico de diabetes mellitus pode doar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) fornece diretrizes para seleção de doadores de sangue diabéticos.



Primeiramente, o voluntário à doação de sangue deve estar em bom estado geral de saúde. Em outras palavras, não deve estar com a doença descompensada nem com infecções ativas. Estas precauções são importantes para garantir tanto o bem-estar do doador quanto a saúde do receptor. Apesar de não existirem estudos avaliando exclusivamente indivíduos com diabetes, efeitos adversos associados à doação de sangue não parecem ser maiores em pacientes diabéticos quando comparados a doadores sem a doença.
Pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e pacientes com diabetes mellitus tipo 2 em uso de insulina ou outras terapias injetáveis não poderão doar, pois durante a entrevista de triagem não existe a possibilidade de garantir que as técnicas de injeção sejam apropriadas. E isso gera dúvidas com relação a infecções, especialmente hepatites virais.
Dito isto, seguem as recomendações da OMS para doação de sangue de indivíduos com diabetes:

Podem doar
Indivíduos com diabetes mellitus bem controlado através da dieta ou de medicação oral, que não tenham história de pressão baixa, nem evidência de infecção ativa, neuropatia ou doença vascular, em especial feridas nos pés.

Não podem doar
Pacientes em uso de insulina ou com complicações do diabetes.


Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 16 de julho de 2017

Como tratar a esteatose hepática (fígado gorduroso)?

Uma vez confirmado o diagnóstico de doença hepática gordurosa não alcoólica, isto é, acúmulo de gordura no fígado de causa metabólica, os próximos passos são avaliar a gravidade do quadro e definir uma estratégia de tratamento. Neste texto, vamos entender quais os principais pontos no manejo da esteatose hepática.



Pode soar um tanto desanimador, mas de todos os tratamentos já investigados para o manejo da esteatose hepática, apenas a perda de peso apresenta uma relação benefício/segurança apropriada. Ou seja, para que o acúmulo de gordura e a inflamação no fígado diminuam, a redução de alguns quilos deve ser o foco! Em um estudo, a perda de 9% do peso garantiu melhora na inflamação das células do fígado em 72% dos indivíduos com esteatose. Nos que perderam apenas 0,2% do peso, a melhora foi de 30 por cento.
A velocidade de perda de peso também parece ser importante. Quando a perda de peso é maior que 1 quilo por semana, pode haver piora dos danos ao fígado. Logo, dietas muito restritivas podem ser prejudiciais.
Nas pessoas com dificuldade em perder peso, o uso de medicamentos como inibidores do apetite pode ser útil, desde que adequadamente indicados e devidamente associados à mudança no estilo de vida. Atividades físicas regulares e uma alimentação caracterizada especialmente por alimentos integrais (frutas, vegetais e cereais integrais), pobre em carboidratos refinados (açúcar, farinha branca, doces e produtos altamente processados) e com a presença de peixes (fonte de ômega 3) são muito bem-vindas.
Como os pacientes com esteatose hepática estão em risco de apresentar tanto complicações cardiovasculares quanto hepáticas, o tratamento de outros fatores de risco para essas comorbidades deve ser instituído. Em outras palavras, os níveis de glicemia, de colesterol, de triglicerídeos e da pressão arterial devem ser cuidadosamente monitorados e tratados. Além disso, o consumo de álcool e cigarros deve ser fortemente desencorajado, e os pacientes ainda não imunizados devem ser vacinados para hepatites virais.
Dos medicamentos até hoje testados para o tratamento específico da esteato hepatite não alcoólica, apenas a pioglitazona mostrou redução mais robusta na progressão da fibrose hepática. No entanto, seu uso é reservado para pacientes com biópsia do fígado mostrando atividade inflamatória e fibrose.
Alguns outros medicamentos estão sendo testados dentro de estudos clínicos, mas até agora nenhum mostrou perfil de eficácia e segurança apropriado quando o objetivo é o tratamento da doença gordurosa hepática.
Em resumo, o tratamento do fígado gorduroso se apoia na mudança do estilo de vida com foco na perda de peso, além da abordagem apropriada dos demais fatores de risco para complicações cardiovasculares e hepáticas. O uso de medicamentos é reservado para casos selecionados.

Fonte: Natural history and management of nonalcoholic fatty liver disease in adults – Up To Date OnLine

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991