quinta-feira, 2 de junho de 2016

Quando um nódulo de tireoide precisa ser puncionado?

Na avaliação dos nódulos de tireoide, um dos exames mais informativos é a punção aspirativa com agulha fina ou PAAF. Através deste exame, retira-se uma pequena quantidade de células para avaliação no microscópio. A PAAF ajuda a avaliar com maior segurança o risco de câncer e, quando necessário, a encaminhar adequadamente o paciente para a cirurgia. A realização ou não da punção depende do quadro clínico do paciente e, principalmente, das características do nódulo quando avaliado através da ecografia. Vamos entender o que leva o endocrinologista a solicitar uma PAAF de tireoide.
PAAF de tireoide guiada por ecografia

Os primeiros passos na avaliação de um nódulo de tireoide descoberto clinicamente ou incidentalmente (ao acaso) são a dosagem do hormônio TSH e a realização da ecografia ou ultrassonografia de tireoide. Quando o TSH vem abaixo do normal, existe a possibilidade de hipertireoidismo causado por um adenoma tóxico, isto é, o nódulo pode estar produzindo hormônio de forma autônoma. Nestes casos, a avaliação continua com a realização da cintilografia de tireoide. A cintilografia é capaz de mostrar se o nódulo é produtor de hormônios (nódulo quente que capta bastante iodo) ou não (nódulo frio que capta pouco ou nenhum iodo). Nódulos quentes são quase sempre adenomas tóxicos, isto é, são nódulos benignos e não precisam ser puncionados. Já os nódulos frios podem necessitar punção dependendo das suas características na ecografia.
Nódulos de tireoide em pacientes com TSH normal ou elevado e nódulos em pacientes com TSH baixo mas que captam pouco iodo na cintilografia podem necessitar de punção se suas características forem suspeitas de malignidade na ecografia.
Nódulos sólidos ou parcialmente císticos hipoecoicos com margens irregulares (infiltrativas ou microlobuladas), com microcalcificações, mais altos do que largos, com calcificações periféricas e componente de tecido extrusivo ou com extensão para fora da tireoide têm risco de malignidade (tratar-se de câncer) maior que 70-90% e devem ser sempre puncionados se tiverem mais de 1 centímetro.
Nódulos sólidos hipoecoicos com margens regulares e SEM microcalcificações, nem extensão para fora da tireoide e que não sejam mais altos do que largos têm risco intermediário de malignidade (10-20%) e devem ser puncionados se tiverem mais de 1 centímetro.
Nódulos hiperecoicos ou isoecoicos ou nódulos císticos sem outros achados suspeitos têm risco baixo de malignidade (5-10%) e devem ser puncionados se tiverem mais de 1,5 centímetros.
Nódulos espongiformes sem outras características suspeitas têm risco muito baixo de malignidade (menor que 3%) e só precisam ser puncionados quando maiores que 2 centímetros.
Cistos simples de tireoide, isto é, que não tenham componente sólido são quase sempre benignos e não precisam ser puncionados a não ser que haja indicação terapêutica (drenagem do conteúdo líquido do cisto).
Além disso, no caso de presença de linfonodos (ínguas) altamente suspeitos em região cervical, nódulos com mais de meio centímetro também poderão ser puncionados.
Após a punção e dependendo dos achados citológicos ao microscópio, o médico endocrinologista define a conduta mais apropriada.

Fonte: Haugen BR, Alexander EK, Bible KC, et al. 2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. Thyroid 2016; 26:1.
Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576

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