domingo, 19 de junho de 2016

Pressão alta no diabetes mellitus tipo 2: riscos à saúde e escolha do melhor tratamento

O diabetes mellitus tipo 2, que acomete mais frequentemente pessoas acima do peso, costuma vir acompanhado de hipertensão arterial sistêmica, ou pressão alta. Já no diagnóstico do diabetes, 4 em cada 10 pacientes apresentam medidas elevadas de pressão arterial.
Além da doença renal, ou nefropatia diabética, a hipertensão arterial no diabetes mellitus é causada por reabsorção de água e sódio juntamente à glicose filtrada nos rins e por aumento da rigidez dos vasos sanguíneos, as artérias, tanto por efeito do excesso de glicose por mecanismo conhecido como glicação, quanto por aterosclerose, isto é, entupimento dos vasos.

Aparelho para medição da pressão arterial automático por método oscilométrico

No paciente diabético, o adequado tratamento da hipertensão arterial é tão importante quanto o tratamento dos níveis elevados de glicose. A pressão alta aumenta o risco de doenças cardíacas e vasculares, tais como infarto do miocárdio, angina e isquemias, além de acelerar o processo de lesão nos rins e na retina, causados pelo próprio diabetes. Para que se consiga prevenir tais complicações, todo paciente diabético deve ter a pressão sistólica medida e mantida em torno de 120 ou 130 mmHg e a pressão diastólica, abaixo de 90 mmHg, dependendo se a pressão foi medida por método automático oscilométrico ou auscultatório, já que no método automatizado a pressão arterial costuma ser de 5 a 10 mmHg menor que no método auscultatório.
Para que se consiga atingir esses alvos terapêuticos, o tratamento consiste em perder peso, preferir uma alimentação saudável (rica em frutas, vegetais e laticínios sem gordura - dieta DASH), não fumar, evitar álcool em excesso, diminuir a ingesta de sal e fazer exercícios físicos regularmente. Quando apenas essas medidas não forem suficientes, lança-se mão de medicamentos. A escolha do medicamento leva em conta: o benefício comprovado em pesquisas, as peculiaridades de cada paciente, o perfil de segurança de cada substância e os custos.
Se não houver evidência de lesão microvascular ou outra indicação específica, os medicamentos com maior eficácia na redução de doenças cardíacas e vasculares  são os diuréticos tiazídicos (clortalidona e hidroclorotiazida) seguidos pelos bloqueadores dos canais de cálcio (especialmente anlodipina), segundo os dados do estudo ALLHAT. Nos pacientes que apresentam excreção urinária elevada de albumina, sugerindo dano aos rins pelo diabetes, os inibidores da enzima conversora da angiotensina (captopril, enalapril, ramipril) são a primeira escolha. Se o paciente não tolerar esta classe medicamento, pode ser feita a substituição pelos antagonistas do receptor a angiotensina 2 (losartana, valsartana, irbesartana, candesartana). Vários pacientes podem necessitar fazer uso de mais de um tipo de anti-hipertensivo ou mesmo de medicamentos de classes diferentes das mencionadas neste texto.  Atualmente, o Governo Federal, através do sistema Farmácia Popular, disponibiliza vários tipos de medicamentos anti-hipertensivos que podem ser usados também por pacientes diabéticos. 
Se você é diabético, procure seu médico endocrinologista e meça sua pressão. Se ela não estiver no alvo, mude seus hábitos e exija medicamentos seguros e acessíveis para seu tratamento.

Fonte: Treatment of hypertension in patients with diabetes mellitus - UpToDate OnLine

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576

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