sábado, 21 de fevereiro de 2015

Remédios que podem alterar exames tireoidianos

Vários medicamentos prescritos por diversos motivos podem alterar exames da tireoide. O médico endocrinologista deve estar familiarizado com esta lista de fármacos para evitar diagnósticos incorretos, além de exames e tratamentos desnecessários.
Podemos classificar os medicamentos que interferem nos exames tireoidianos em três grupos.




Medicamentos que causam hipotireoidismo


1) Causam inibição da fabricação ou da liberação dos hormônios na corrente sanguínea - tionamidas,  lítio, perclorato, aminoglutetimida, talidomida, iodo e medicamentos contendo iodo como amiodarona, contrastes radiográficos,  alguns expectorantes, soluções de iodeto de potássio, antissépticos tópicos.

2) Diminuem a absorção do hormônio tireoidiano (levotiroxina) - colestiramina, colestipol, colesevelam, hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio, sucralfato, sulfato ferroso, raloxifeno, omeprazol, lansoprazol e possivelmente outros medicamentos que diminuem a secreção de ácido pelo estômago, sevelemer.

3) Causam desregulação imunológica - interferon alfa, interleucina-2, ipilimumab, alemtuzumab, pembrolizumab.

4) Causa supressão do TSH - dopamina.

5) Pode causar inflamação destrutiva da tireoide - sunitinib.

6) Causa inativação do hormônio tireoidiano - sorafenib.

7) Diminui os níveis de T4 e reduz os níveis de TSH - bexaroteno.


Medicamentos que causam hipertireoidismo


1) Estimulam a fabricação e/ou liberação dos hormônios tireoidianos - iodo, amiodarona.

2) Causam desregulação imunológica - interferon alfa, interleucina-2, ipilimumab, alemtuzumab, pembrolizumab.


Medicamentos que alteram os exames sem alterar a função da tireoide


1) Reduzem a TBG - andrógenos, danazol, glicocorticoides, ácido nicotínico, l-asparaginase.

2) Aumentam a TBG - estrógenos, tamoxifeno, raloxifeno, metadona, 5-fluouracil, clofibrato, heroína, mitotano.

3) Diminuem a ligação do T4 a TBG - salicilatos, salsalato, furosemida, heparina, alguns anti-inflamatórios.

4) Aumenta a retirada do T4 da circulação - fenitoína, carbamazepina, rifampina, fenobarbital.

5) Suprime a secreção de TSH - dobutamina, glicocorticoides, octreotide.

6) Dificulta a conversão de T4 em T3 - amiodarona, glucocorticoides, ácido iopanoico, propiltiouracil, propranolol, nadolol.


Adaptado de UpToDate OnLine.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS


Texto revisado em 18 de outubro de 2020.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Agora sim, suco!

No mês de agosto de 2014 tive a oportunidade de participar do Workshop de Saúde e Bem-estar 2014 Coca-Cola. Neste evento, diversos profissionais de saúde debateram questões relacionadas a bebidas como processos produtivos, aditivos alimentares, quantidade de açúcar, entre outros temas. Foi consenso entre os participantes de que a indústria deve procurar oferecer opções mais saudáveis, com menos aditivos e com menor teor de açúcar adicionado. Seis meses após, pude perceber que o debate começou a render frutos. Recebi por correio duas caixinhas de suco Del Valle (fotos abaixo), agora sim suco e não néctar! Para quem não está familiarizado, a legislação brasileira só permite o uso do termo "suco" para bebidas que sejam elaboradas com 100% polpa de fruta. Os néctares tem 30 a 50% de fruta e o restante geralmente é composto de água e açúcar. Trata-se de um avanço, mas algumas ressalvas merecem ser feitas.
Apesar de ser 100% polpa de fruta, os sucos são bebidas calóricas, logo devem ser consumidos dentro de uma dieta equilibrada e com moderação. Apesar de mais práticos, os sucos industrializados perdem algumas propriedades importantes como vitaminas e fibras. Isto é, apesar deste lançamento ser melhor que um néctar, não é melhor que um suco natural feito na hora. Por fim, alguns estudos mostram que o consumo regular de bebidas doces, sejam elas refrigerantes ou sucos, está associado a uma maior frequência de problemas de saúde como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Então, procure um profissional de saúde, equilibre sua dieta, coma 5 porções de frutas e vegetais todos os dias, mantenha uma vida ativa, beba muita água e, eventualmente, consuma sucos, de preferência feitos na hora.




Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Excesso de andrógenos se associa a problema cardíacos em mulheres

Testosterona em excesso pode prejudicar o coração

Excesso nos níveis dos hormônios androgênicos, isto é, hormônios responsáveis pelos caracteres sexuais secundários em homens (barba, por exemplo), também conhecidos com "hormônios masculinos", está associado a aumento de risco de doenças cardíacas e vasculares em mulheres.


Alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos são responsáveis pelo maior risco

Este tipo de alteração hormonal é comum em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. O excesso de andrógenos como testosterona parece ser responsável pela redução dos níveis do colesterol HDL (bom), aumento dos níveis de triglicerídeos e maior proporção de partículas pequenas do colesterol LDL (ruim). Estas mudanças no perfil lipídico aumentam a chance de entupimento dos vasos sanguíneos e doenças dos coração. Logo, convém que toda mulher com diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos ou manifestações de excesso de andrógenos como hirsutismo (pelos em excesso) seja avaliada por um endocrinologista.



Referência:
1- Conway GS, Agrawal R, Betteridge DJ, Jacobs HS. Risk factors for coronary artery disease in lean and obese women with the polycystic ovary syndrome. Clin Endocrinol (Oxf). 1992;37(2):119.


Quer mais informações sobre a síndrome dos ovários policísticos? Separei três vídeos sobre o assunto...


1- Diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos



 2- Avaliação laboratorial da síndrome dos ovários policísticos



3- Vantagens do uso da pílula anticoncepcional na síndrome dos ovários policísticos



Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS


Texto revisado em 18 de outubro de 2020.